Enviado por Drakonyaz II

"Correr atrás do sonho de ser dragão

Mais de uma centena de jovens compareceu no estádio da Madeira

O Estádio da Madeira 'pintou-se' durante todo o dia de ontem de azul e branco, a pretexto da realização de uma acção de observação de jovens futebolistas da responsabilidade do FC Porto. Deste modo, mais de uma centena de pequenos aspirantes a 'dragão' mostraram-se aos responsáveis da formação portista numa iniciativa que o clube promove pela primeira vez na Madeira, na continuidade de outras já organizadas noutras regiões do país e que terão seguimento de futuro. Participação por convite A açcão repartiu-se por dois períodos: de manhã para os escalões sub-10 e sub-11 e de tarde para os sub-12 e sub-13, e levou até à Choupana algumas dezenas de encarregados de educação que acompanharam de perto a evolução dos seus filhos no relvado. Todos, obviamente, chamados pelo aliciante de darem nas vistas e poderem ser escolhidos para um possível ingresso de futuro nas escolas de formação do FC Porto e, a longo prazo, seguirem uma carreira de futebolistas profissionais. Esta acção denominada 'Dragon Dream' foi realizada em moldes muito próprios e bem diferentes, por exemplo, do acontecido recentemente com iniciativas do Sporting Clube de Portugal e SL Benfica. Nestas, as portas abriram-se para todos os interessados - federados ou não. Neste caso, os jovens participantes, que representam uma grande variedade de clubes madeirenses, receberam um convite nominal para apresentarem os seus dotes de futebolistas, para o que tiveram de ser devidamente autorizados pelos encarregados de educação, enquanto a entrada no Estádio da Madeira foi reservada aos convidados da organização. Caras conhecidas Toda a actividade desenrolou-se de uma forma muito profissional. Aliás, o FC Porto não costuma deixar nada ao acaso, não fosse essa uma marca do sucesso que tem conseguido nos últimos anos no futebol português. Até à Madeira veio uma equipa constituída por nove pessoas, quatro delas técnicos: João Afonso (coordenador do departamento de Scouting), os ex-futebolistas do clube, André e Bandeirinha, duas 'caras' bem conhecidas, e um treinador de guarda-redes (Daniel Correia). Alguns referenciados A este 'staff' de campo, juntaram-se outros elementos de apoio que completaram uma equipa eficaz, atenciosa e, sobretudo, profissional em todos os aspectos, desde a recepção aos participantes, à relação com a comunicação social e com os familiares dos atletas. A observação baseou-se exclusivamente na realização de jogos entre equipas de futebolistas da mesma idade, devidamente equipadas com as cores do FC Porto, dispensando-se a realização de quaisquer 'skills' técnicos, como por vezes acontece em iniciativas com estas características. No final de cada conjunto de observações, seguiram-se reuniões com os familiares. Como resultado do dia de observações, os atletas que mais se destacaram nos vários escalões etários ficaram referenciados e serão acompanhados com mais pormenor doravante, não se excluindo a possibilidade de virem a realizar estágios no Porto, futuramente. Como estas acções também podem ser uma forma de cativar adeptos junto dos mais novos, os microfones debitaram ao longo do dia várias músicas alusivas ao FC Porto e em vários cartazes espalhados pelo Estádio da Madeira podiam ser vistas figuras emblemáticas do clube, como Vítor Baía. Higino Teles ficou à porta A normalidade que marcou esta observação só foi parcialmente quebrada com um pequeno incidente com Higino Teles. O presidente do Câmara de Lobos tinha alegadamente convite para aceder ao Estádio da Madeira mas acabou por ver vedado o acesso. E logo houve quem não deixasse de relacionar esta atitude com declarações recentes do dirigente, que se indignou com atitudes de 'olheiros' do FC Porto que considerou serem um 'assédio' a atletas do seu clube. TranquilidaDe e transparência João Afonso, coordenador do Departamento de Scouting do FC Porto, explicou a vinda à Madeira por entender ser "importante" promover esta iniciativa na ilha. "Estamos aqui como estaremos de futuro em outros sítios", e fez questão de diferenciar os termos captação e observação, revelando a sua preferência por este último. "Não estamos cá para captar ninguém mas sim para observar", esclareceu. Os responsáveis portistas deixam a Região com um sentimento de satisfação. "Aquilo que vimos vem comprovar o excelente trabalho que os nossos colaboradores têm realizado, tanto aqui como noutras zonas do país", admitindo a existência de bons valores entre a mais de uma centena de participantes. "Há aqui, como há em todo o lado...". Interrogado acerca do que se segue a esta iniciativa, João Afonso elucida: "Isto não é o fim. É o princípio. Daqui resulta que vamos acompanhar com mais atenção alguns jogadores. A partir de agora, cada caso é um caso e temos alguns procedimentos para agir nestas situações". Mesmo assim, assegura: "Não vamos pegar numa criança de nove anos e levá-la para o continente. Outros podem fazê-lo, nós não. Achamos que o pilar da formação dos jovens é a família e em termos do seu desenvolvimento esta não é ainda a fase para sair da Madeira". Clubes informados Explicando o modelo utilizado nesta acção - convite nominal e 'porta fechada' -, João Afonso afirma. "Este deve ser um momento de concentração e tranquilidade. Não de 'show-off'. Até prova em contrário, o nosso modelo tem resultado", avança, antes de responder a algumas queixas veiculadas na comunicação social. "Desconheço-as totalmente. Mas todos os clubes foram informados e temos autorização escrita de todos os pais ", reclama, apontando que todo o processo é "transparente".

Emanuel Pestana, Diario de Noticias da Madeira, 05 de Fevereiro de 2008 "