domingo, março 25, 2007




Castro: promovido à semana faz horas extra nos juniores

TOMAZ ANDRADE


Esta reportagem talvez seja o primeiro reflexo da subida de Castro ao plantel principal do FC Porto. Há pouco mais de uma semana, o médio era praticamente desconhecido para os adeptos portistas e é bem provável que pouca coisa tenha mudado desde aí, mas a partir do momento em que Jesualdo Ferreira, em sintonia com Luís Castro, o director técnico da formação do clube, decidiu incluí-lo no plantel principal dos campeões nacionais, a perspectiva do anonimato começou a inverter a tendência. Os olhos concentraram-se ontem na camisola 8 do FC Porto no jogo de Juniores A, com o Leixões, numa prova inequívoca de destaque. Resultado da partida: o FC Porto ganhou por 3-0, mantendo-se confortavelmente na liderança.

A página oficial do clube na internet refere que Castro é médio-defensivo. Ontem jogou como médio interior, sobre a direita, mostrando argumentos claros de uma qualidade insuspeita. Quase a completar 19 anos, a primeira coisa que salta à vista em Castro é a condição física. Não por ser alto, mas por somar quilómetros como se de metros se tratasse, não dando sinais de desgaste. Bem ao estilo do ídolo: Maniche. Essa postura permite-lhe um bom posicionamento em campo, detalhe crucial no jogo defensivo da equipa, sem lhe anular a capacidade de aparecer em zonas de ataque. Depois, vem a parte melhor: quase todo o jogo passa pelos seus pés, seja com passes simples e de transição rápida ou através de passes longos. Optou, em doses idênticas, pelas duas coisas, o que só o favorece. Último pequeno grande detalhe: Castro tem um pontapé forte e ontem aplicou-o uma vez, com um remate de fora da área que o guarda-redes leixonense segurou a custo. Promete.

Como jogou o FC Porto

Liberdade para actuar em todos os sistemas


O FC Porto recebeu o Leixões no mini-estádio do Olival armado num 4-3-3, que é a base táctica preferida de Jesualdo Ferreira. No entanto, não há uma indicação superior acerca do modelo táctico a adoptar nos escalões de formação, neste caso, nos Juniores A. A ideia é que os jogadores de base do FC Porto consigam jogar em todos os estilos de jogo, porque é essa a tendência do futebol moderno. Veja-se o que aconteceu com o Chelsea no Dragão, quando Mourinho começou em 4-4-2, passou para o 4-3-3 e voltou ao esquema inicial. Ontem os juniores portistas jogaram com uma defesa clássica de quatro unidades, um médio-defensivo (Fabinho), dois médios interiores (Castro e Rui Pedro), e um tridente ofensivo.

Mais valores à espreita

TOMAZ ANDRADE


O jogo de ontem dos Juniores A não mostrou apenas Castro. Há muitos jogadores com qualidade e em breve Jesualdo poderá contar com mais valores, naquilo que é uma aposta clara na formação. Luís Castro, ex-treinador do Penafiel, é o rosto coordenador de toda a estratégia dos escalões de base, fazendo a ponte entre as várias equipas e o plantel principal. Os resultados começam a surgir.

Por muito dinheiro que custe, a ideia essencial é formar jogadores à Porto, que será um misto de agressividade q.b., bom posicionamento em campo, com transições fortes de jogo e um espírito de sacrifício grande. Com estes condimentos o futuro estará assegurado. Claro que a ideia nem sempre resulta na prática e carece de muito trabalho, mas pelo que se viu ontem o caminho está a ser percorrido. Ventura é um guarda-redes seguro e Bura um central alto que deve ser explorado. Rui Pedro é um dez cheio de técnica e apetite pelos golos, e Candeias um extremo-direito que desequilibra.

Ventura

Classe e segurança


Ventura é um guarda-redes que começou a treinar com o plantel principal do FC Porto há cerca de um mês, embora jogue aos fins-de-semana pelos juniores para se manter em competição e com o objectivo de evoluir. Ontem não teve muito trabalho porque o Leixões foi macio no ataque, embora tenha respondido com eficácia quando colocado à prova. Um remate de um leixonense foi parado com classe. Demonstrou concentração, algo essencial num guarda-redes, e com isso saiu da área algumas vezes para jogar com os pés. Mas numa delas, o central Bura ficou a queixar-se de falta de comunicação, precisamente um dos pontos a rever em Ventura.

Rui Pedro

Magia nos pés


Por ter a camisola 10, Rui Pedro foi o primeiro a captar a atenção dos adeptos presentes no Olival, porque o futebol é mais bonito se for bem jogado. E Rui Pedro joga-o bem, com a cabeça levantada e com um pé esquerdo que trata a bola com carinho. Jogou no meio-campo na companhia de Fábio e Castro, mas com liberdade para aparecer mais à frente. E tanto apareceu que marcou dois golos. O primeiro de cabeça, após um canto de Ukra (é português, apesar do nome esquisito), e o segundo num aproveitamento eficiente de uma defesa incompleta do guarda-redes do Leixões. Mas foi a criar jogo que Rui Pedro mais deu nas vistas. Fez bons passes e, quando isso não resultava, pegou na bola e foi sozinho em direcção da baliza contrária. Já participou nos treinos da equipa principal

Valores emergentes

Bura


É um defesa-central muito alto e rápido. O FC Porto sempre formou centrais de referência, desde Fernando Couto, Jorge Costa e Ricardo Carvalho, e daqui a uns anos Bura tem capacidade para se afirmar na equipa principal, com a qual já treinou, de resto. Tem bom jogo aéreo e uma boa capacidade de antecipação. Ficou a ideia de ter potencial, basta trabalhá-lo.

Candeias


Extremo-direito com técnica. Ontem carrilou muito jogo pelo seu flanco, sendo o principal responsável por uma primeira parte de sentido único. Puxou o jogo à linha e efectuou muitos cruzamentos, tanto apostando na rapidez de execução como em dribles. Demonstrou também ser um extremo rápido, não descurando o sentido de baliza, já que apareceu na área muitas vezes.

Nikola já marca


Alto, louro, espadaúdo e goleador. Indicado por Drulovic, Nikola estreou-se ontem como titular no centro do ataque e marcou o terceiro golo do FC Porto. Para começar, não está mal...

in o JOGO



3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Acompanhei o torneio “Campos Verdes” através das transmissões da RTP. Vou fazer a minha análise aos jogadores do FCP:

Édson – A minha avaliação baseia-se somente na transmissão do jogo Portugal contra Cabo Verde transmitido na passada quinta feira. É um jogador de muita força e com algumas noções tácticas básicas. É limitado tecnicamente e não me pareceu ter a classe para ser um trinco para o FC Porto.

Fredson – A espaços fez-me lembrar Semedo. É dotado tecnicamente, e tem uma capacidade física apreciável. Jogou simples e fez boas aberturas. Não tem a mesma precisão de passe do Semedo…e infelizmente joga no mesmo ritmo pausado que a antiga estrela do FC Porto. Digo infelizmente pois neste futebol de hoje a velocidade e o repentismo são meio caminho andado para o sucesso.

João Pedro – Está a fazer-lhe bem o empréstimo e a rodagem de liga de honra. Está mais maduro e mais calmo no desarme (já não abusa da sua corpulência para se impor no domínio dos lances). Precisa de ganhar confiança no controlo de bola e a sair a jogar (ainda abusa da “biqueirada” para a frente…em vez de entregar a bola jogavel).

Nuno Coelho – Fazendo a comparação directa com o Édson…só perde em força física. Foi o melhor jogador deste torneio (pelo dois jogos que foram transmitidos), sabendo controlar os “tempos” defensivos e ofensivos da linha intermédia. Precisa de ganhar mais “presença”, quer física (muscular…) quer dinâmica (não ter tanta intermitência exibicional).

Bruno Gama – Só disputou o primeiro jogo…mas deu para ver que é um jogador muito evoluído tecnicamente. Infelizmente parece que se generalizou a ideia que é um extremo…pois para mim parece que pode render muito mais a nº10.

Zequinha – A surpresa. Não merece estar desterrado em Touriz (que me desculpem os aficionados do Tourizense). É rápido, é bom tecnicamente (não é um primor tipo Quaresma…mas como o diz o slogan da Triunfo: o que faz…faz bem!) e sabe imprimir velocidade ao jogo. Não creio que seja um ponta-de-lança (pelo menos no seu sentido “clássico”)…mas também não é um flanqueador “puro”, é uma espécie de Lisandro López. Merece uma oportunidade de mostrar os seus atributos…e espero que o FC Porto o teste ou o empreste a um clube de um escalão superior ao do Tourizense.


Uma palavra final para um jogador não pertencente ao FC Porto. Este Antunes vai ser um defesa esquerdo como há muito não havia em Portugal. E que falta faz ao FC Porto um BOM defesa esquedo…

11:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Jogo FCP 3 - Leixões 0 em juniores

Vitória sem mácula, o FCP foi sempre muito superior, foi a única equipa que jogou para vencer. Foi superior em todas as fases do jogo. O Leixões foi uma completa desilusão, pois na primeira volta tinha conseguido vencer o FCP no seu reduto. Até a Académica a jogar no Olival com 10 jogadores importunou mais o Ventura, que este Leixões. Jogou muito encolhido, com pouca ambição, raras vezes chegou à área do Porto e o resultado final podia ter sido mais dilatado, pois o Porto esteve bem mais perto do 4 ou 5 zero que o Leixões de fazer o seu tento de honra.

Bom jogo de toda a equipa do FCP, boa circulação de bola com jogo de sentido único, perante uma bancadas bem compostas no Olival. No Leixões apenas consigo destacar o defesa esquerdo, bem dotado tecnicamente conseguiu bater-se bem com o Candeias.

Equipa: Modelo 4x3x3 com Ventura na baliza, André Santos, Bura, Morais e Hugo Monteiro na defesa, Fábio a trinco, Castro e Rui Pedro a médios interiores, Candeias (Monteiro na 2ª parte) e Ukra (Marco Aurélio na 2ª parte-junior 1º ano) nas Alas e a estreia a titular do servio Nikolas Vasilic na frente (Tiago Silva na 2ª parte).


Análise individual aos jogadores:

Ventura – igual si próprio, esteve seguro e concentrado em todo o jogo. Teve pouco trabalho durante o jogo.

André Santos – Lateral direito muito regular, raramente faz exibições de encher o olho, como também raramente compromete. É um jogador muito certinho a defender e que sabe apoiar o ataque. Tenho uma critica a fazer-lhe, aconteceu 3 ou 4 vezes o central passar-lhe a bola e ele devolver a bola ao central quando tinha um colega isolado na linha com possibilidade de fazer rápidas transições ofensivas. Deve tentar não limitar a sua leitura de jogo ao seu campo de visão natural, antes de receber a bola deve tentar “virar-se” para o jogo, antecipar a colocação dos companheiros de flanco de forma a evitar a postura defensiva, i.e, se não tem a certeza do que se passa fora do seu campo de visão devolve a bola a quem lha passa, e assim por vezes perdem-se grandes oportunidades de apanhar a equipa adversária descompensada.

Bura e Morais – Seguros e concentrados durante todo o jogo. Não foram submetidos a grandes dificuldades, pois o Leixões nunca incomodou verdadeiramente. O Bura ainda se destacou nas acções ofensivas, sobretudo nas bolas aéreas. Teve 2 ou 3 passes longos completamente disparatados.

Hugo Monteiro – Jogador muito voluntarioso. Disputa os lances com muita alma. O facto de jogar com pé direito impede-o de esticar o jogo pelas faixas, pois normalmente flecte para zonas interiores.

Fábio – este jogador tem tanto de útil como de discreto. Bem posicionado, recuperou muitas bolas sem recuros à falta. Tem boa cultura táctica que lhe permite o “timing” certo nas compensações.

Castro – para mim é um regalo ver jogar este jogador. Trata bem a bola, joga no campo todo, sempre de cabeça levantada, intercala a triangulação curta com as aberturas longas. De memória apenas o vi falhar um passe. A influência do costume no jogo da equipa. Há um pormenor neste jogador que me leva a considera-lo o mais maduro desta equipa em termos técnicos e sobretudo tácticos. Sempre que se posiciona para receber a bola, levanta a cabeça para verificar onde está, qual o posicionamento da equipa e dos adversários. Para mim este é um pormenor muito importante e que revela a classe de um jogador, tanto mais que existem muitos seniores (mesmo no plantel A) que não têm este tipo de “hábito”.

Rui Pedro – o MVP deste jogo. Grande jogo, para além dos 2 golos, o primeiro de cabeça a “pentear” a bola por cima o guardião adversário, e o segundo a aproveitar um cruzamento/remate em que consegue dominar a bola à segunda e desfeitear o redes adversário com o pé esquerdo. Grande parte das oportunidades da equipa estiveram ou surgiram dos seus pés. Ver este jogador faz-me lembrar o Totti da Roma, faz golos, desequilibra muito no um para um, encostasse muito bem à linha defensiva jogando no limite do fora de jogo e é excelente nas diagonais com transições em ruptura, normalmente mortiferas. Parece-me um jogador muito humilde. É, de longe o artilheiro mor da equipa.

Candeias – a sua velocidade faz mossa em qualquer equipa adversária. Na primeira parte a grande maioria dos desequilíbrios vieram da sua capacidade de explosão. Então tem uma jogada em que “pega” na bola ainda a meio do meio campo do Porto e embala por ali fora deixa tudo e todos para trás com uma facilidade fantástica, acreditem parece que vai de mota e os outros de bicicleta, só que o passe final foi disparatado. Deve amadurecer tácticamente e psicológicamente e tornar mais consistente a sua intermitência no jogo. Tem condições naturais para ser um grande jogador, vamos ver se a sua cabeça permite subir o último degrau na sua formação.

Ukra – bem menos influente que o seu colega de ala, mas técnicamente é muito bom. Tácticamente pouco rigoroso, pois “esqueceu-se” de fechar o seu flanco algumas vezes.
É um extremo que à semelhança do Hugo (não é canhoto), não estica o jogo até à linha. Os seus desequilíbrios são efectuados quando flecte para zonas interiores. Esteve melhor na segunda parte.

Nikolas – é preciso enquadrar este jogador. Primeiro jogo a titular (tinha feito 2 ou 3 minutos em vila do conde depois lesionou-se), num país diferente do seu de origem, num futebol diferente, dificuldades de entrosamento com a equipa, língua, etc... Primeira parte foi algo discreta, com dificuldade em ganhar as bolas aéreas devido ao tempo de salto, tentou jogar a 1 ou 2 toques mas as coisas não estavam a sair bem com as tabelas a saírem ou muito para a frente ou muito para trás. No entanto revelou bom posicionamento, boas movimentações e sobretudo muita concentração a nível táctico. No segundo tempo acompanhou a melhoria global da equipa esteve muito mais em jogo, acertou o passe nas tabelas e triangulações, segurou a bola quando teve que segurar, isolou com inteligência e por 2 vezes os colegas com passes a rasgar a defesa. Teve 2 ou 3 jogadas em que o Ukra conduz a bola para zonas interiores e tabela com o PL, este como é muito grande e longilíneo consegue sempre a um toque desmarcar o companheiro. Marcou um golo pleno de oportunismo após cabeçada de Rui Pedro a bola sobra e de primeira o Nikolas faz o seu primeiro golo de azul e branco. Teve tempo ainda para falhar um golo feito em que isolado adianta um pouco a bola e permite a intervenção do guarda redes. Para primeiro jogo fiquei bastante agradado, pois a este plantel faltava um jogador com este tipo de características. É júnior de primeiro ano.

12:19 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

E destas noticias que me fazem mt feliz...
Dar o rela valor a estes jogadores... Mts deles com muito potencial..
O porto tem o dever de os aproveitar. seria um crime pra o futebol n aproveitar todos estes talentos...

3:15 da tarde  

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